Número: 5.5 - 4 Artigo(s)

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Revisão Sistemática

Preservação do rebordo alveolar: uma revisão sistemática

Alveolar Ridge Preservation: A Systematic Review

Leonardo Moreira Sad; Joana Cardoso Valle Haddad; Daniele da Costa Lourenço; Mariana Silva Nunes; Leonardo Picinini; Rodrigo Guerra de Oliveira

Resumo

INTRODUÇÃO. Doença periodontal, patologia periapical e traumatismo mecânico frequentemente resultam em aumento da perda óssea antes da extração dentária. Além disso, a extração traumática é também associada à perda óssea adicional.
OBJETIVO. Verificar por meio de uma revisão sistemática o efeito da preservação do rebordo alveolar comparado à cicatrização não assistida.
MÉTODOS. Foram analisados os mais relevantes estudos publicados originalmente na língua inglesa, durante os últimos 5 anos (outubro de 2008 a setembro de 2012) , tendo como referência as bases de dados MEDLINE (National Library of Medicine). Objetivando selecionar os estudos de maior evidência científica, foram identificadas revisões anteriores, que tiveram seu escopo atualizado e revisado, além das revisões sistemáticas com ou sem meta-análise. A estratégia de busca utilizou as seguintes combinações de palavras-chave: bone preservation regeneration AND dental implant.
RESULTADOS. Foram identificados 247 artigos. Contudo, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 71 foram selecionados para revisão por pares. Os artigos selecionados, foram julgados por dois revisores independentes que, utilizaram como referência, os níveis de evidências sugeridos pelo PUBMED, sendo elegíveis para análise 17 artigos.
CONCLUSÃO. Considerando a similaridade dos resultados encontrados na pesquisa, entende-se que há vantagens substanciais quanto à adoção das técnicas de preservação assistida em relação a não assistida.

Palavras-chave: Tooth extraction; Bone resorption; Implant site development; Bone substitute; Bone regeneration.

 

INTRODUÇÃO

Doença periodontal, patologia periapical e traumatismo mecânico frequentemente resultam em aumento da perda óssea antes da extração dentária. Além disso, a extração traumática é também associada à perda óssea adicional. No processo de cicatrização após a extração, o osso alveolar inicia imediatamente uma atrofia adicional como resultado do processo natural de remodelamento, podendo resultar em mais de 50% de reabsorção do rebordo alveolar em três meses que pode ter um impacto no posicionamento do implante osseointegrável, desde que tenha volume e dimensões ósseas do osso alveolar residual adequados no momento da inserção cirúrgica do implante 21.

Quando a exodontia se faz necessária e tem-se a intenção de manter a altura e espessura do osso alveolar, são notáveis os ganhos de se fazer uma cura assistida 11. Todavia, sabe-se que o processo de reabsorção alveolar pós exodontia é inevitável mas que podemos minimizar este processo natural quando utilizamos uma cura assistida 5.

A grande vantagem de utilizarmos uma regeneração óssea guiada pós exodontia é de que, no futuro, poder-se-á lançar mão de implantes de maior diâmetro e de plataforma desejada, além de um melhor posicionamento protético 4. A cicatrização não assistida pode resultar numa reabsorção óssea alveolar severa num nível tal que impossibilite o paciente de ser submetido a reabilitação com implantes osseointegráveis. A taxa de sobrevida de implantes colocados em áreas preservadas chega a 97% 14.

Mediante o exposto, a presente revisão sistemática teve como objetivo investigar o efeito da preservação das dimensões do rebordo alveolar comparando-a à cicatrização não assistida.


MÉTODOS

Foram analisados os mais relevantes estudos publicados originalmente na língua inglesa, durante os últimos 5 anos (outubro de 2008 a setembro de 2012) , tendo como referência as bases de dados MEDLINE (National Library of Medicine). Objetivando selecionar os estudos de maior evidência científica, foram identificadas revisões anteriores, que tiveram seu escopo atualizado e revisado, além das revisões sistemáticas com ou sem meta-análise. A estratégia de busca utilizou as seguintes combinações de palavras-chave: bone preservation regeneration AND dental implant

Os critérios de inclusão e exclusão foram aplicados livres e de maneira independente por dois revisores experientes e estudiosos da temática, que julgaram os estudos selecionados a partir dos pontos levantados em cada item exposto (Quadro 1).




RESULTADOS

Foram identificados 247 artigos. Contudo, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 71 foram selecionados para revisão por pares. Os artigos selecionados, foram julgados por dois revisores independentes que, utilizaram como referência, os níveis de evidências sugeridos pelo PUBMED sendo elegíveis para análise 17 artigos, conforme melhor descrito na tabela 1.




DISCUSSÃO

A presente revisão evidenciou que existem várias técnicas de preservação alveolar usadas para minimizar a reabsorção óssea alveolar tanto em altura quanto em espessura após a exodontia, seja ela unitária ou múltipla.

Todos os artigos selecionados mostraram que não há 100% de preservação, ou seja, 100% da altura e espessura do alvéolo pós extração não é preservada. No entanto notou-se uma preservação de pelo menos 85% do alvéolo15, sendo essas áreas preservadas mais propícias a receber implantes osseointegráveis 2. O uso de membranas ajuda na preservação com relação aos pacientes que não receberam membrana para recobrimento do preenchimento/preservação alveolar, respectivamente 22% coronal a 36% apical e 35,2% coronal para 47% apical, sendo que ambos procedimentos mostraram êxito na preservação alveolar com osso bovino 1.

Ossos humanos frescos e congelados foram usados para a preservação como um método de se poupar uma outra cirurgia de área doadora, reduzindo assim o tempo operatório e os riscos de infecção de uma outra área cirúrgica3. Os enxertos para preservação alveolar com blocos de osso esponjoso, além de osseocondutor, tem boa compatibilidade e grande taxa de sucesso na questão de ganho ósseo e a futura colocação do implante em maxilas atróficas de modo que o resultado foi de 98,8% de êxito com relação a sobrevida dos implantes, sendo que o tempo de acompanhamento satisfez o critério de inclusão16.

Ainda que a melhor maneira de se manter o alvéolo saudável seja preservando a estrutura dentária natural, sempre que lançarmos mão de biomateriais para a realização de preservação assistida sempre alcançaremos um melhor resultado com relação a cicatrização comum 22.

Os implantes colocados em área com cura assistida e não assistida foram avaliados com relação ao desempenho clínico dos mesmos, não apresentando diferença considerável. No entanto, implantes de maior diâmetro puderam ser inseridos em áreas preservadas6. Pacientes que possuíam defeitos até mesmo maior que 5mm e submetidos a preservação alveolar foram avaliados para uma cura assistida com hidroxiapatita em que foi detectado uma excelente regeneração óssea horizontal7.

A sobrevida de implantes em área enxertada com osso homólogo de tíbia também é uma boa alternativa para se evitar uma área doadora. (8) O osso esponjoso, assim como o osso homólogo, apresentaram-se como uma ótima alternativa para ganho ósseo tanto em espessura quanto na altura da manutenção óssea alveolar. Quando feito, permite-se futuramente um melhor posicionamento implantar 23.

Áreas de incisivos, caninos e pré-molares preservadas com enxerto da Straumann e Bio Oss mostraram de uma forma bem similar a eficácia de uma redução de reabsorção óssea pós exodontia11. Os sítios receptores revelaram-se bem toleráveis quanto aos biomateriais e apresentam-se resistentes com quantidade de osso o suficiente para o recebimento de implantes 13. A facilidade quanto a colocação do implante pós preservação com BMP também foi notada de modo significativo 19. Em casos de maxilas atróficas anterior onde se usou bloco de osso iofilizado, houve uma tendência para reabilitação com implantes nestas áreas, podendo fazer a inserção do implante imediatamente após a enxertia chegando num êxito de 98% 16.

Vários materiais foram usados e, independentemente do material, foram avaliados os ganhos tanto na altura quanto na espessura do osso alveolar. A maioria dos estudos usou membrana como barreira na área enxertada. Independentemente da técnica cirúrgica utilizada e dos biomateriais, os estudos foram avaliados para se obter uma taxa de sucesso no ganho em tecido duro, bem como taxa de sucesso dos implantes colocados nas áreas cirúrgicas.

Todos os estudos mostraram eficácia na preservação alveolar pós extração. O objetivo da regeneração óssea guiada está diretamente ligado a um melhor resultado de um melhor posicionamento do implante, dando melhor resultado na finalização da fase protética, bem como a minimização do número de cirurgias (área doadora), podendo inclusive optar por um implante de maior diâmetro 6, 7, 17.


CONCLUSÃO

Esta revisão confirmou a eficácia da preservação alveolar em relação a diminuição da reabsorção óssea alveolar pós extração com biomateriais, independentemente dos tipos utilizados. Com isso, tem-se viabilidade quanto a utilização destes materiais para a diminuição da reabsorção óssea alveolar a fim de evitarmos uma cirurgia de área doadora.


REFERÊNCIAS

1 – Acocella A, Bertolai R, Ellis E 3rd, Nissan J, Sacco R. Maxillary alveolar ridge reconstruction with monocortical fresh-frozen bone blocks: a clinical, histological and histomorphometric study. J Craniomaxillofac Surg 2012; 40(6): 525-33.

2 – Agarwal G, Thomas R, Metha D. Postextraction maintenance of the alveolar ridge: rationale and review. Compend Contin Educ Dent 2012; 33(5): 320-4.

3 – Almasri M, Camarda AJ, Ciaburro H, Chouikh F, Dorismond SJ. Preservation of posterior mandibular extraction site with allogeneic demineralized, freeze-dried bone matrix and calcium sulphate graft binder before eventual implant placement: a case series. J Can Dent Assoc 2012; 78:15.

4 – Baldini N, De Sanctis M, Ferrari M. Deproteinized bovine bone in periodontal and implant surgery. Dent Mater 2011; 27(1): 61-70.

5 - Barone A, Orlando B, Cingano L, Marconcini S, Derchi G, Covani U. A randomized clinical trial to evaluate and compare implants placed in augmented versus non-augmented extraction sockets: 3-year results. J Periodontol 2012; 83(7): 836-46.

6 - Borgonovo AE, Tommasi F, Panigalli A, Bianchi AC, Boninsegna R, Santoro F. Use of fresh frozen bone graft in rehabilitation of maxillar atrophy. Minerva Stomatol 2012; 61(4): 141-54.

7 - Brownfield LA, Weltman RL. Ridge preservation with or without an osteoinductive allograft: a clinical, radiographic, micro-computed tomography, and histologic study evaluating dimensional changes and new bone formation of the alveolar ridge. J Periodontol 2012; 83(5): 581-9.

8 - Cardaropoli D, Cardaropoli G. Preservation of the postextraction alveolar ridge: a clinical and histologic study. Int J Periodontics Restorative Dent 2008; 28(5): 469-77.

9 - Carinci F, Brunelli G, Zollino I, Franco M, Viscioni A, Rigo L, Guidi R, Strohmenger L. Mandibles grafted with fresh-frozen bone: an evaluation of implant outcome. Implant Dent 2009; 18(1): 86-95.

10 - Darby I, Chen ST, Buser D. Ridge preservation techniques for implant therapy. Int J Oral Maxillofac Implants 2009; 24: 260-71.

11 - Horowitz R, Holtzclaw D, Rosen PS. A review on alveolar ridge preservation following tooth extraction. J Evid Based Dent Pract 2012; 12(3): 149-60.

12 - Horowitz RA, Mazor Z, Miller RJ, Krauser J, Prasad HS, Rohrer MD. Clinical evaluation alveolar ridge preservation with a beta-tricalcium phosphate socket graft. Compend Contin Educ Dent 2009; 30(9): 588-90.

13 - Levin BP, Tawil P. Posterior tooth replacement with dental implants in sites augmented with rhBMP-2 at time of extraction--a case series. Compend Contin Educ Dent 2012; 33(2): 104-8.

14 - Mardas N, Chadha V, Donos N. Alveolar ridge preservation with guided bone regeneration and a synthetic bone substitute or a bovine-derived xenograft: a randomized, controlled clinical trial. Clin Oral Implants Res 2010; 21(7): 688-98.

15 - Nissan J, Mardinger O, Calderon S, Romanos GE, Chaushu G. Cancellous bone block allografts for the augmentation of the anterior atrophic maxilla. Clin Implant Dent Relat Res 2011; 13(2): 104-11.

16 - Perelman-Karmon M, Kozlovsky A, Liloy R, Artzi Z. Socket site preservation using bovine bone mineral with and without a bioresorbable collagen membrane. Int J Periodontics Restorative Dent 2012; 32(4): 459-65.

17 - Sisti A, Canullo L, Mottola MP, Covani U, Barone A, Botticelli D. Clinical evaluation of a ridge augmentation procedure for the severely resorbed alveolar socket: multicenter randomized controlled trial, preliminary results. Clinical Oral Implants Res 2012; 23(5): 526-35.

18 - Vignoletti F, Matesanz P, Rodrigo D, Figuero E, Martin C, Sanz M. Surgical protocols for ridge preservation after tooth extraction. A systematic review. Clin Oral Implants Res 2012; Suppl 5:22-38. (?)

19 - Wallace S, Gellin R. Clinical evaluation of freeze-dried cancellous block allografts for ridge augmentation and implant placement in the maxilla. Implant Dent 2010; 19(4):272-9.










Especialização em Implantodontia na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora – SUPREMA- MG

Endereço para correspondência:
Dr. Leonardo Moreira Sad
Consultório: Coronel Teófilo, 319/loja 01
Barbacena – MG CEP: 36,200.044
leosadodonto@yahoo.com.br

 

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